Uma das modalidades mais importantes e mais eficientes da pesquisa de mercado para as empresas é a etnografia.
A etnografia é uma ferramenta vinda da antropologia e surgiu, sob a forma que conhecemos hoje com o polonês Malinowski, no começo do século XX, e seus importantes estudos com os povos Mailu na Austrália. Malinowski nos convidava ao “estranhamento” dos hábitos de outras culturas, e afirmava aque, apenas desta forma, poderíamos compreendê-la. O estranhamento a que Malinowski se referia era notar o diferente e entender o sentido de cada hábito, costume ou ritual.
Entretanto, sem dúvida, é muito mais fácil “estranhar” hábitos e costumes completamente diferentes dos nossos, tal qual, por exemplo, o hábito de comer insetos na Ásia ou de celebrar o falecimento de um ente querido com uma festa, como no México. O que é de fato uma missão muito complexa, é “estranhar” questões em nossa própria cultura.
Por exemplo, por que mulheres compram aquela marca X de shampoo mas não a usam? Ou por que um grupo de consumidores tem tanta afeição por uma marca de tênis, apesar de o produto ser caro e não ter tanta qualidade quanto a de seu concorrente?
Bem, “estranhar” o que se vive é o desafio da etnografia do consumo. As atitudes, os rituais e os objetos são o centro da análise da antropologia do consumo. Nela, não se analisa apenas a compra, ou seja, a troca, o trade, mas o consumo como um todo, como um processo vivo, onde é fundamental desvendarmos o antes, o depois e, acima de tudo, a cultura em que a compra está inserida.